2º Capítulo - Zerando a vida e recomeçando †

"Isabel- Já está indo Bia?

Bia- Sim, quero ser livre agora –sorrimos.

Isabel- Vê se não esquece da gente.

Bia- Como esquecer das pessoas que fizeram parte da minha infância?

Isabel- Muita gente esquece, dizem que somos as culpadas e essas coisas.

Bia- Não Isa, tenho a mente aberta.

Isabel- Ta bom, fale seus dados.

Bia- Beatriz Almeida, 18 aninhos de pura gostosura –rimos.

Isabel- Menos vai –ficou um tempo em silêncio mexendo no computador- pronto, achei.

Bia- Quando estiver tudo pronto por lá, venho buscar minhas coisas.

Isabel- Se não der pra arrumar todas as coisas hoje, vocês podem voltar.

Bia- Tudo bem –abracei-a- vou sentir sua falta.

Isabel- Eu também, cuidei de você como nunca cuidei de criança alguma aqui nesse orfanato.

Bia- E eu sou muito grata por isso –dei um beijo nela e me virei, as crianças tinham acabado de descer de seus quartos. Fiquei lembrando da minha infância, de como era difícil ver todas as minhas amigas sendo adotadas e só eu ficando pra trás, de todos esses anos os únicos que sempre ficaram aqui junto comigo foram a Alice e o Miguel, as outras amigas eu “perdi”. Estava andando com minha mochila rumo a entrada até que ouvi a Clara me chamar, me virei e agachei.

Clara- Já vai?

Bia- Vou sim pequena –sorri e pude ver em seu rosto que estava triste.

Clara- Não queria ficar longe de ti.

Bia- A tia promete que quando estiver com uma situação financeira boa, volta pra te buscar ta bom?

Clara- Porque não me leva hoje?

Bia- Porque a tia nem tem casa ainda e se for preciso enfrentar frio e fome eu enfrento, mas você é pequenininha de mais pra isso.

Clara- Tudo bem, eu te espero –sorriu e me abraçou- promete que volta?

Bia- Promessa de princesa –juntamos nossas mãos e ela sorriu- agora eu tenho que ir, não esquece que a tia te ama.

Clara- Também te amo –abracei ela e senti umas lágrimas caindo em meu ombro.

Bia- Não chora, promete pra mim que vai estar sempre sorrindo a me esperar?

Clara- Prometo.

Bia- Promessa de princesa?

Clara- Sim –rimos.

Bia- Deixa a tia ir –beijei sua bochecha e me levantei, ela me deu tchau e voltou pra perto das outras crianças, me aproximei dos doidos e eles levantaram- vamos gente.

Miguel- Vamos –me abraçou de lado e abraçou a Alice do outro lado, saímos do orfanato e fomos andando até uma Imobiliária, conversamos com uma consultora de vendas e ela nos levou a um duplex no Canal 4, três quartos com suíte e um banheiro principal, copa, cozinha, sala de estar e jantar, lavanderia e dispensa.

Paula- E ai, gostaram?

Alice- Eu gostei, mas será que meu bolso gosta? –rimos.

Paula- Claro, venham aqui –ela nos direcionou até um balcão na cozinha e começou a escrever em uns papéis, pediu nossos documentos e logo nós já seríamos donos de tudo aquilo- bom, foi ótimo fazer negócio com vocês –apertou nossa mão- nunca pensei que ia fazer negócio  com três jovens de 18 anos –rimos novamente e ela juntou suas coisas- aqui está a chave –entregou pro Miguel que é o mais velho- vocês já podem se mudar –agradecemos ela e a mesma saiu de lá.

Miguel- Ah que sonho cara –disse se deitando no chão.

Bia- Miguel, manda a chave.

Miguel- Pra quê?

Bia- Eu guardo ela.

Miguel- Cala a boca pirralha, eu sou o mais velho.

Alice- E mais irresponsável.

Bia- E outra, você é mais velho por poucos dias, então cale-se.

Miguel- Ai que saco –me entregou a chave.

Alice- Vamos comprar as coisas?

Bia- Vamos, porque depois do almoço temos que ir trabalhar –trancamos tudo e saímos do prédio, fomos na Caixa Econômica e sacamos o dinheiro que guardávamos desde criancinhas, contamos tudo e deram quase trinta mil. Enfim, fomos na Magazine Luiza e compramos os móveis necessários pra sobreviver, sem essas coisas de microondas ou ar condicionado! Pagamos o que dava avista e parcelamos o resto, na terça os móveis já iam estar em nossa casa (‘: fomos em um restaurante barato lá e eu comi mega rápido, fui pro banheiro e escovei os dentes- bom galera tenho que ir, se não chego atrasada –dei um beijo em cada um- qualquer coisa me liguem –deixei o dinheiro em cima da mesa e saí do restaurante, dessa vez eu fui de ônibus já que era bem longe, cheguei cinco minutos atrasada.

Mirela- Corre pra nossa sala –piscou pra mim e eu subi bem rápido. Mirela é a minha chefa, ela é filha do dono disso tudo aqui, tem apenas 16 anos e recebe um salário que muito marmanjo daria tudo pra ganhar. Entrei em nossa sala e comecei o meu serviço, ficamos lá até umas 18:37 hrs – já pode ir Bia, trabalhou muito hoje.

Bia- Obrigada –sorri- você sabe onde tem uma pensão?

Mirela- Pra quê Bia? Não te querem mais lá?

Bia- É porque hoje faço 18 anos e quando chegamos nessa idade, temos que sair pra poder ceder a vaga.

Mirela- Verdade, hoje é teu aniversário –se levantou e me abraçou, me deu os parabéns- como não comprei o presente, já sei o que te dar.

Bia- O que?

Mirela- Surpresa –riu- espera só um pouco –terminou os trabalhos que faltavam e guardou tudo- vamos? –assenti e nós saímos do prédio, entramos no ‘carro dela’ e o motorista deu partida, fomos pra um condomínio e o carro parou na garagem de uma casa enorme..."

Obrigada mesmo pelos comentários, vocês são demais! To deixando essa história com ar de 'misteriosidade', porque eu gosto disso u_u

Talvez poste amanhã, não sei se vou ter tempo ;/